Raissa: novembro 2015

Assunto complexo demais,

Polêmico demais,

E... Sem informação completamente...

Aliás do que temos informações concretas sobre a dança do ventre?

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Então pra variar demoramos, pero estamos aqui para responder a pergunta da Sandra Valadão, autora da "A Pergunta É" de N°2:

"Mas afinal, qual o divisor de águas para passar de aluna à professora de dança do ventre?"

Como o assunto é bem complicado e abrange muitas maneiras de ser respondido, vamos publicar as respostas por partes.

A primeira delas foi respondida, carinhosamente, pela Bailarina, professora e coreógrafa de Dança do Ventre, Carol Charis.

Leia com atenção e reflita bastante, esse texto tem orientações interessantíssimas e te convida a pensar e se autoavaliar em relação à pergunta feita, vamos lá?

Texto: Carol Charis

Quando é que aluna passa a ser Professora de dança do ventre?

Parece uma questão simples e óbvia de se responder, mas não é.

Eu poderia escrever sobre a minha trajetória como professora, dar conselhos, indicar cursos, porém, vi que textos como estes já existem em vários blogs por aí. Resolvi escrever um texto mais acadêmico, científico, como estou mais acostumada. Quem sabe um outro olhar, possa agregar um pouco a esta discussão.

Estamos preocupados com aquele conjunto de características que definem o “Professor” e o “Universo da Dança do Ventre”.

Qual é a realidade? A realidade é que não temos um órgão que oficialize e forme Professoras de Dança do Ventre.

Então, quem decide? Os proprietários das escolas de dança são os que decidem quem contratar.

Em escolas especializadas em Dança do Ventre, muitas vezes, a aluna que tem vontade, tem perfil, se dedica e se destaca, é convidada a ser estagiária, assistente, ensaiadora ou professora substituta. Após um tempo nesta posição, pode ou não, ser convidada a assumir uma turma.

Em escolas de danças em geral, onde é mais difícil este processo evolutivo, a professora é contratada por indicação ou por currículo.

Se não existe um órgão oficial , como saber se a pessoa está apta a dar aulas?

Você aluna, quando saber se já está pronta para ser professora?

E você Professora, como saber que já pode promover sua aluna?

Desenvolvi esta análise ao longo de duas reflexões:

1 – Qual é o Universo de conhecimentos que caracterize a Professora de Dança do Ventre?

2 – Quais seriam as premissas a partir das quais selecionaríamos uma Professora de Dança do Ventre ?

Definindo o Universo da Dança do Ventre como sendo a matéria que a professora deve dominar. Este universo abrange: arte, movimentos, corpo, história, pessoas, música árabe, folclore árabe, instrumentos árabe e cultura árabe.

Portanto, em primeiro lugar, ser Professora, é uma atividade para profissionais qualificados, não pode ser sinônimo de “bico”, deixando de ser uma profissão para se tornar uma função. A professora deve ter Domínio do tema que vai trabalhar. Deve procurar o máximo de conhecimento possível , através de aulas, workshops, cursos, leitura, pesquisa, eventos, etc. Isso mesmo, investimento! O conhecimento é infinito! Exigimos profissionalismo de uma dentista, de uma arquiteta, e de uma professora de dança do ventre também!

Refletindo sobre o universo Professora, a primeira premissa é:

1- Ser professora exige alto grau de conhecimento do conteúdo a ser ensinado: ou seja, conhecimento de todos os elementos que compõem o Universo da Dança do Ventre, definidos anteriormente. A Professora de Dança do Ventre é professora de ARTE, CULTURA, FOLCLORE, além dos movimentos da Dança em si. Deve ter conhecimento do Corpo Humano e de como ele funciona, pois é o seu campo, instrumento e objeto de trabalho.

2- A professora deve ter domínio de várias técnicas de ensino: em cada turma a professora se depara com uma nova situação, deve agregar todas as técnicas que aprendeu ao longo de sua trajetória de estudos, pesquisas e estágios. Fazer estágio é essencial, assistir aulas como o enfoque de aprender a dar aulas, aprender com a dificuldade de cada aluna. Lembre-se, são as alunas que escolhem a professora, você, professora, deve estar pronta para ajudar a sua aluna a vencer a dificuldade dela. Deve estar pronta a lidar com diversas faixas etárias e suas limitações.

3- Deve saber administrar relações interpessoais dentro de sala de aula: a sala de aula é um momento rico em oportunidades de aprendizado e desenvolvimento de conceitos e conhecimento.

4- Professora ≠ Bailarina: a formação da professora é completamente diferente da de bailarina. Em sala de aula, a bailarina tem que sair de cena para ensinar suas alunas. O foco é o aprendizado da aluna e não o show da professora/ bailarina. De nada adianta se sua aluna sair de sala de aula sem ter aprendido o que foi ensinado. É preciso total entrega, didática e consciência.

Respondendo a pergunta: A aluna está pronta a se tornar professora, quando está pelo menos no caminho a preencher todos os requisitos acima. Fez bons anos de aula regular, e sabe executar e ensinar os movimentos da Dança. A aluna deve estar em constante pesquisa, sempre participando de cursos, eventos, estudos. Se destaca e é reconhecida como uma excelente bailarina, estagiária e assistente, é bem aceita pelas alunas, tem gosto por ensinar, talento e habilidade para isso. Enfim, quando ele entende que o conhecimento é infinito, e uma professora NUNCA deve parar de estudar!

Lendo um texto escrito pela professora (minha professora até hoje) e bailarina, Jade el Jabel, e conversando com ela sobre o assunto, separei duas reflexões pertinentes que vão te ajudar na sua decisão:

1- Você faria aula com você mesma?

2- Tem alguém querendo fazer aula com você?

A primeira pergunta leva aos seguintes questionamentos: Quais são os meus diferenciais que me fazem merecer o título de professora? O que tanto eu sei e estudei, comparado com as professoras mais respeitadas do mercado? Não se nivele por baixo.

A segunda pergunta é importante para a seguinte reflexão: Não faz parte da responsabilidade de uma professora ou instituição de ensino, oferecer ou garantir emprego, vaga de trabalho para qualquer aluno, mesmo aquele mais extraordinário.

Ninguém sai de uma faculdade , por exemplo, com o emprego garantido, por melhor que seja o aluno. Então, não culpe sua professora ou instituição de ensino. Muitas alunas que se acham “prontas”, muitas vezes se sentem injustiçadas por não serem promovidas a professora.

Além de todas os pré-requisitos para ser uma professora, alguém precisa querer fazer aula com você, ou seja, alguém precisa se interessar pelo seu trabalho e te contratar.

Quando você realmente se tornar professora, não terá essa obrigatoriedade de promover alunas, sua obrigação é ensinar.

Se você é aluna e tem vontade de se tornar Professora, dê uma repassada neste texto, faça uma autoavaliação e reflita. Converse com sua professora e com profissionais da sua confiança que possam te ajudar. Estude, estude e estude!

Se você é professora, também repasse este texto e posicione sua aluna, oriente o caminho que ela deve seguir, disponibilize ferramentas de estudo, aulas e indique profissionais que agregarão conhecimento a ela.

Carol Charis – bailarina e professora de dança do ventre há 20 anos. Atualmente Professora e Bailarina Noites no Harém, na Casa de Chá Khan el Khalili , em São Paulo.

Curta alguns vídeos e conheça mais ainda a nossa querida Carol Charis!

Aproveitem!