Parece uma informação um tanto
quanto absurda, não? Ainda mais se você é uma profissional da área, uma
bailarina clássica formada e professora desta arte secular, mas por favor não se ofenda, o Ballet é uma
dança admirável ainda mais visto de diversos pontos e naturalmente com tantos
pontos de observação assim, nem todos os pontos são para todos e se sim, se para
todos são, nem todos os pontos passam a ser positivos.
Ballet, uma dança que segue os padrões
da educação tradicional ao ser humano em qualquer área de atuação. Seja como
esporte, como estudo ou militarismo, estamos sempre fadados a seguir linhas de raciocínio
impostas e rígidas. Traçando paralelos entre esses, isso é bom porque te faz
conseguir manipular massas de acordo com o objetivo do comandante/ professor ou dos seus
adeptos/ alunos, parece negativo falando assim, mas tão estranho quanto necessário, o ser humano precisa de estribeiras
colocadas para seguir seu caminho. Assim, positivamente, se cultiva respeito e disciplina de maneira
geral. Tão estruturada e tão rígida, tem total aprovação de educadores e obteve
sucesso total fazendo com que seja a dança mais praticada sobretudo pelas crianças, talvez não por livre escolha, mas esse ainda é outro ponto... É bonita, é de classe (uma afirmação quanto ao clássico e quanto à clássica social
também, afinal ainda estamos quebrando os padrões), é artística e ainda ajuda
na educação! Parece genial, né? Mas não é bem assim.
Te convido a sair do papel de
bailarina-destaque - caso seja uma - para continuar essa leitura, simplesmente pelo motivo de que
se hoje você é profissional nesta dança, você demonstrou mais aptidão, mais facilidade
do que a maioria das outras, não estou dizendo que não tenha suado para chegar
onde chegou, sei que sim e muito! E através disso também se destacou! Provavelmente
você não se lembrará do número de meninas que deixaram a dança de lado enquanto
você traçou o seu caminho. Aquelas foram as muitas que “Ahhh! Essa não leva
jeito”. “Hummm... Não nasceu para dançar”. “Seria uma ótima bailarina, mas o ballet é
muito caro para a família bancar", “Ahhhh! Essa até leva jeito, mas é gordinha, uma pena...”...
Tantas, tantas e tantas... Centenas provavelmente.
Falando de dança em geral e me baseando
nos estudos de Peter Lovatt, [falarei sobre ele em outros posts] é possível ver que as alunas de ballet, quando em especial
estão na adolescência, têm a autoestima mais pobre do que uma adolescente que pratica outras danças. E isso tem dois motivos com os estudos em desenvolvimento.
O primeiro é que as meninas com baixa auto-estima escolhem ballet clássico
porque a luta pela perfeição reforça a sua pobre auto-imagem. Apesar de parecer
desconexo, sabemos através da psicologia que o ser humano age por repetição e segundo
padrões exigidos pelos seus submundos escolhidos, logo a ação desta menina se
torna perfeitamente entendível. A outra teoria diz que a formação do ballet
pode ser muito prejudicial para a auto-estima de um jovem porque eles estão
constantemente sendo informados de que não estão fazendo certo e que a
questão da forma do corpo é muito importante no balé clássico. Qualquer
proximidade com a educação que empregamos às nossas crianças não é
coincidência, não é mesmo? Só dizemos à elas “não faça isso!”, “Isso é feio” e
muito blá, blá, blá. E onde fica o bonito? Ou o que deve ser feito? Ou ainda a
parte que dá mais trabalho: o como e os porquês as coisas bonitas devem ser feitas.
Por sorte ou necessidade os estudos nesta área vêm evoluindo muito ligados à psicologia, à neurociência, à medina e tantas outras áreas. O podar as ações e as descobertas
de uma criança, de um jovem, adulto ou na melhor idade estão com os dias
contatos e que venha logo a próxima centena de anos e a evolução humana, vamos
que vamos!
Nota sobre o texto: É claro que não estou me embasando cientificamente somente para declarando morte ao ballet, longe disso, acho esta dança realmente incrível, mas estou sim pedindo, sobretudo aos pais das crianças, que avaliem se aquela dança realmente trará mais benefícios do que problemas aos seus filhos. Se for problemas, existem milhões de outras modalidades de danças e de esportes que poderá substituí-lo. O ballet não exige um estereótipo somente porque acha plasticamente mais bonito e sim porque sua cadeia de movimentos exige um corpo bem treinado para sua execução por completo.
Notas sobre ela: Raissa Araujo é bailarina profissional de Dança do Ventre,
praticou durante a infância e adolescência ginástica artística e ginástica rítmica exatamente nesta ordem,
é arquiteta de formação acadêmica,
louca por esportes radicais,apaixonada por coisas novas e curiosa master. É mergulhadora profissional e estudiosa de
diversas áreas que envolvem arte e corpo. Sendo este último no nosso habitat
natural, habitual ou ainda inserido em outro.