A dança sendo parte
integrada na música árabe, torna difícil acreditar que interpretada em tão
alto grau cada nuance da música possa ter mudado tanto, quando você sabe que
a música tem fortes raízes que voltam ao passado da cultura árabe. Ambas,
música e dança fazem parte do dia a dia no mundo árabe; pessoas se encontram,
tocam e dançam como parte do cotidiano.
É extremamente popular no Egito, a não à toa, chamada “Dança
Egípcia” ocorre em todos os lugares e é dançada por todas as pessoas. É claro
que as pessoas não saem dançando pela rua ou em quaisquer feiras populares
por aí como mostrado em alguns filmes, ao menos, não hoje. É encontrada em festivais ou em quaisquer
comemorações em família ou também nas boates que apresentam música local.
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Pode-se
dizer que grande parte da história dessa dança é trilhada através de
comemorações em família, como casamentos por exemplo, tanto nas grandes festas
quanto nos populares casamentos de rua; é dançada desde as classes mais altas
até as classes mais baixas. Nos casamentos, a presença de uma dançarina é mais
do que desejável. "Ela dança para entreter os convidados, mas também tem
que posar para fotos ao lado da noiva e do noivo. Depois, o casal coloca cada
qual uma das mãos sobre o ventre da dançarina, como forma de garantir uma união
frutificante", diz Buonaventura (autora do livro Serpente
do Nilo, já citada anteriormente).
A execução da dança e da música tem sido preservadas
em alto grau por tribos ou "famílias" extensas que tradicionalmente
trabalham com entretenimento como por exemplo a "Ouled Nail" na
Argélia e a "Ghawazee" no Egito. Elas tem preservado a dança e
a música em sua forma mais original possível, apesar de termos que contar com
uma certa quantidade de mudanças durante tantos séculos. Considerações
sobre suas apresentações podem ser encontradas em alguma literatura
"Orientalista" do século XIX.
Pode-se dizer que outra grande parte da
história dessa dança foi exibida nos clubes noturnos ou cabarés no Egito.
Tendo sido influenciada, desde sempre,
por diversos grupos étnicos do Oriente, a “dança do ventre” absorveu os regionalismos locais, que lhe atribuíam
interpretações com significados regionais. Surgiam desta forma, elementos etnográficos bastante característicos, como
nomes diferenciados, geralmente associados à região geográfica em que se encontrava; trajes e
acessórios adaptados; regras sobre celebrações e casamentos; elementos musicais criados
especialmente para a nova forma; movimentos básicos que modificaram a postura corporal
e variações da dança. Nasce então, a Dança Folclórica Árabe, em suas mais diferentes execuções.
A dança começou a adquirir o formato
atual, a partir de maio de 1798, com a invasão de Napoleão
Bonaparte ao
Egito, quando recebeu a alcunha Danse du Ventre pelos orientalistas que acompanhavam Napoleão. Porém,
durante a ocupação francesa no Cairo, muitas dançarinas fogem para o
Ocidente, pois a dança era considerada indecente, o que leva à conclusão de que
conforme as manifestações políticas e religiosas de cada época, era reprimida:
o Islamismo, o Cristianismo e conquistadores como Napoleão
Bonaparte reprimiram
a expressão artística da dança por ser considerada
provocante e impura.
Neste
período, os franceses encontraram duas castas de dançarinas:
- As
“Awalin”, palavra que significa “alma”, eram mulheres de haréns (no sentido da
parte feminina da casa árabe, não de concubina) especializadas em tocar,
dançar, cantar e compor. Eram as únicas mulheres a quem era dado o direito de
aprender a ler e escrever. Estas mulheres eram de alta classe social e eram
responsáveis pela organização das festividades femininas do casamento e eram frequentemente
contratadas para isso. Existiam ainda “Awalin” de famílias menos abastadas.
Contratadas para festividades mais humildes.
- As “Ghawazy”, conhecidas como dançarinas de rua,
é o plural de “ghazyia” que significa “dançarina”. Tratavam-se de clãs
familiares, entre homens e mulheres, dedicados à arte popular, se apresentando
nas ruas para arrecadar dinheiro. Não só as mulheres se apresentavam, como
também os homens que tocavam e dançavam. Muitas apresentações de dança eram
intercaladas com números circenses de equilibrismos e malabarismos. As mulheres
“ghawazy” são a imagem da origem da dança do ventre, tendo sido retratadas em
muitos quadros, por diversos artistas no século XIX.
Por sua origem nômade e humilde, algumas destas
mulheres acumulavam funções de prostitutas, e se aproximavam dos acampamentos
franceses no início do século XIX, para cativar fregueses. Por isso Napoleão
mandou matar mais de 400 “Ghawazy” e jogá-las ao Nilo.
A história dá um salto, e em 1834,
o governador Mohamed Ali, proíbe as performances femininas no
Cairo, por pressões religiosas. Em 1866,
a proibição é suspensa e as elas retornam ao Cairo, pagando taxas ao governo
pelas performances.
No início da ocupação britânica em 1882,
clubes noturnos com teatros, restaurantes e music halls, já ofereciam os mais
diversos tipos de entretenimento.
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No final dos
anos 1940, a "tradição Awalim já havia desaparecido.
Após a
revolução de 1952 que finalmente terminou controle colonial do Egito, o Moulid
(festivais comemorando o aniversário de um santo local ou pessoa santa) começou
a servir como uma plataforma para o talento teatral e artístico. As atividades
de fundamentalistas religiosos eram restritas. Cafés abertos estavam
prosperando, com apresentações de música e dança. Música Baladi Baladi e cantores
foram altamente popular.
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