segunda-feira, 18 de julho de 2016

O início que se tem notícia

A dança sendo parte integrada na música árabe, torna difícil acreditar que interpretada em tão alto grau cada nuance da música possa ter mudado tanto, quando você sabe que a música tem fortes raízes que voltam ao passado da cultura árabe. Ambas, música e dança fazem parte do dia a dia no mundo árabe; pessoas se encontram, tocam e dançam como parte do cotidiano. 
É extremamente popular no Egito, a não à toa, chamada “Dança Egípcia” ocorre em todos os lugares e é dançada por todas as pessoas. É claro que as pessoas não saem dançando pela rua ou em quaisquer feiras populares por aí como mostrado em alguns filmes, ao menos, não hoje.  É encontrada em festivais ou em quaisquer comemorações em família ou também nas boates que apresentam música local.

Pode-se dizer que grande parte da história dessa dança é trilhada através de comemorações em família, como casamentos por exemplo, tanto nas grandes festas quanto nos populares casamentos de rua; é dançada desde as classes mais altas até as classes mais baixas. Nos casamentos, a presença de uma dançarina é mais do que desejável. "Ela dança para entreter os convidados, mas também tem que posar para fotos ao lado da noiva e do noivo. Depois, o casal coloca cada qual uma das mãos sobre o ventre da dançarina, como forma de garantir uma união frutificante", diz Buonaventura (autora do livro Serpente do Nilo, já citada anteriormente).
A execução da dança e da música tem sido preservadas em alto grau por tribos ou "famílias" extensas que tradicionalmente trabalham com entretenimento como por exemplo a "Ouled Nail" na Argélia e a "Ghawazee" no Egito.  Elas tem preservado a dança e a música em sua forma mais original possível, apesar de termos que contar com uma certa quantidade de mudanças durante tantos séculos.  Considerações sobre suas apresentações podem ser encontradas em alguma literatura "Orientalista" do século XIX.
                 Pode-se dizer que outra grande parte da história dessa dança foi exibida nos clubes noturnos ou cabarés no Egito.
Tendo sido influenciada, desde sempre, por diversos grupos étnicos do Oriente, a “dança do ventre” absorveu os regionalismos locais, que lhe atribuíam interpretações com significados regionais. Surgiam desta forma, elementos etnográficos bastante característicos, como nomes diferenciados, geralmente associados à região geográfica em que se encontrava; trajes e acessórios adaptados; regras sobre celebrações e casamentos; elementos musicais criados especialmente para a nova forma; movimentos básicos que modificaram a postura corporal e variações da dança. Nasce então, a Dança Folclórica Árabe, em suas mais diferentes execuções.
A dança começou a adquirir o formato atual, a partir de maio de 1798, com a invasão de Napoleão Bonaparte ao Egito, quando recebeu a alcunha Danse du Ventre pelos orientalistas que acompanhavam Napoleão. Porém, durante a ocupação francesa no Cairo, muitas dançarinas fogem para o Ocidente, pois a dança era considerada indecente, o que leva à conclusão de que conforme as manifestações políticas e religiosas de cada época, era reprimida: o Islamismo, o Cristianismo e conquistadores como Napoleão Bonaparte reprimiram a expressão artística da dança por ser considerada provocante e impura.
Neste período, os franceses encontraram duas castas de dançarinas:
- As “Awalin”, palavra que significa “alma”, eram mulheres de haréns (no sentido da parte feminina da casa árabe, não de concubina) especializadas em tocar, dançar, cantar e compor. Eram as únicas mulheres a quem era dado o direito de aprender a ler e escrever. Estas mulheres eram de alta classe social e eram responsáveis pela organização das festividades femininas do casamento e eram frequentemente contratadas para isso. Existiam ainda “Awalin” de famílias menos abastadas. Contratadas para festividades mais humildes.


- As “Ghawazy”, conhecidas como dançarinas de rua, é o plural de “ghazyia” que significa “dançarina”. Tratavam-se de clãs familiares, entre homens e mulheres, dedicados à arte popular, se apresentando nas ruas para arrecadar dinheiro. Não só as mulheres se apresentavam, como também os homens que tocavam e dançavam. Muitas apresentações de dança eram intercaladas com números circenses de equilibrismos e malabarismos. As mulheres “ghawazy” são a imagem da origem da dança do ventre, tendo sido retratadas em muitos quadros, por diversos artistas no século XIX.
Por sua origem nômade e humilde, algumas destas mulheres acumulavam funções de prostitutas, e se aproximavam dos acampamentos franceses no início do século XIX, para cativar fregueses. Por isso Napoleão mandou matar mais de 400 “Ghawazy” e jogá-las ao Nilo.

          A história dá um salto, e em 1834, o governador Mohamed Ali, proíbe as performances femininas no Cairo, por pressões religiosas. Em 1866, a proibição é suspensa e as elas retornam ao Cairo, pagando taxas ao governo pelas performances.
No início da ocupação britânica em 1882, clubes noturnos com teatros, restaurantes e music halls, já ofereciam os mais diversos tipos de entretenimento.
           O cinema egípcio começa a ser rodado em 1920, e usa o cenário dos night clubs, com cenas da música e da dança regional. Hollywood passa a exercer grande influência na fantasia ocidental sobre o Oriente, modificando os costumes das dançarinas árabes.

No final dos anos 1940, a "tradição Awalim já havia desaparecido.


Após a revolução de 1952 que finalmente terminou controle colonial do Egito, o Moulid (festivais comemorando o aniversário de um santo local ou pessoa santa) começou a servir como uma plataforma para o talento teatral e artístico. As atividades de fundamentalistas religiosos eram restritas. Cafés abertos estavam prosperando, com apresentações de música e dança. Música Baladi Baladi e cantores foram altamente popular. 

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